'O fantasma fecha os olhos' :: processo de criação.

Papeando -

'O fantasma fecha os olhos' :: processo de criação.

O fantasma fecha os olhos” nasceu a quatro mãos.
A Talita Nozomi ilustrou e a Paula Desgualdo escreveu...

Mas esse processo foi bem diferente!
A Talita e a Paula são amigas há bastante tempo.
Elas se conheceram através de uma amiga em comum.
Fizemos algumas perguntinhas e tchan tchan, aí está o resultado. 

Leia nosso papo! 

 

TALITA

Como nasceu a ideia de criarem um livro?
A gente sempre teve vontade de fazer um livro juntas – eu ilustrando e ela escrevendo. A Paula escreve muito bem e é uma pessoa muito sensível.
 
Como desenvolveu as ilustrações?
Eu estava visitando minha avó em Londrina. Isso foi em janeiro de 2015, se não me engano. Achei uma tinta de caneta Pilot, do meu avô (ele faleceu há mais 30 anos) e resolvi desenhar com ela, usando papéis velhos da minha avó, e outras coisas de sua casa. Minha avó era muito acumuladora, então fui usando o que havia por lá. Usei, por exemplo, papéis que ela usava para treinar caligrafia japonesa quando era mais nova. Fui desenhando e pensando em uma história.
Criei doze duplas de ilustrações. Quando voltei pra São Paulo entreguei essas duplas pra Paula e dei um briefing. Mas, falei que ela podia mudar esse briefing à vontade, mudar a ordem das ilustrações, e se quisesse não precisava falar de fantasma na história (eu havia dito a ela que 'fantasma' era uma palavra-chave). Ela mudou a ordem e nasceu a história.
 
Quais técnicas você usou nas ilustrações?
Usei muita colagem, aquarela, papéis japoneses, papéis velhos, tem reciclagem de papel, papel de seda... Enfim, é uma técnica mista.
 
Como foi ver a história criada pela Paula?
Foi muito lindo. Na hora pensei: ‘não podia ter encontrado uma parceira melhor’. Ficou muito melhor daquilo que eu imaginava para essa história. Então foi uma ótima parceria. Estou muito feliz que esse livro está finalmente nascendo. :)

PAULA
Como nasceu a ideia de criarem um livro?
Já conhecia a Talita há bastante tempo, somos amigas. E ela já havia publicado vários livros maravilhosos, como ilustradora e autora também.
A Talita foi uma grande incentivadora – esse foi o primeiro livro infantil que escrevi e essa foi uma abertura de portas pra mim.
Sou formada em Jornalismo e Letras. Na época que escrevemos esse projeto, em 2015, eu trabalhava na Revista Crescer e tinha muita proximidade com esse universo das crianças. Escrevia muito, mas nunca tinha publicado. A Talita sempre dizia que tínhamos que fazer algo juntas.

Como foi receber as ilustrações da Talita? E como foi o processo de pensar em uma história a partir delas? 
A Talita apareceu um dia com as ilustrações. Me entregou e disse: “vamos fazer uma brincadeira. Te dou essas ilustrações, você coloca na ordem que quiser e cria a história que quiser. Só tem uma palavra chave: fantasma.” Achei aquilo maravilhoso, foi um jogo mesmo, uma brincadeira. Elas não estavam numeradas, mas tinham letras: A, B, C. Segui quase a mesma ordem, mas mudei algumas coisas. E de uma sentada, em uma noite, nasceu essa história, que tem vários elementos de coisas que eu estava vivendo naquele momento. Meu afilhado estava com problemas com o sono, então esse era uma tema que estava presente. E o sonho é um elemento muito importante para mim: eu lembro muito dos meus sonhos, me conecto com esse universo. Acho que é um espaço que temos em comum, adultos e crianças. Um espaço de criações, de possibilidades, de fantasia, enfim, tanta coisa vem daí, né?
 
Algum elemento das ilustrações te despertou para essa história?
O tema dos ‘sonhos’ surgiu pra mim pela característica das ilustrações, que eram principalmente colagens, muito oníricas: aquele fantasma voando, elementos mais abstratos, formas geométricas. Essa possibilidade de criação, de pegar as ilustrações e montar algo a partir delas me remeteu na mesma hora ao sonho.

O que significou esse processo para você?
A partir do ‘Fantasma’ outros livros vieram: publiquei mais dois livros. Hoje, faço mestrado em Educação, então foi algo que mudou minha trajetória. Naquela mesma época eu e a Talita também criamos outro livro e temos ainda vontade de criar muitas histórias juntas. É uma parceria muito gostosa, a Talita é uma pessoa criativa e tem uma potência de produção enorme. Ela é uma grande fazedora e isso estimula todos que estão por perto.
Para mim esse processo foi o encontro de uma paixão, de um universo no qual eu me sinto em casa, à vontade pra brincar com as palavras, sons, mergulhar nas historias e é isso que foi o ‘Fantasma’.


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